A WRI Brasil, em conjunto com organizações parceiras, lançou em junho deste ano um estudo das Novas Economias da Amazônia. É um material extenso, com bastante informações e dados, e que envolveu 75 pesquisadores de diferentes regiões do país – se predispondo a responder a seguinte questão: Como colocar a Amazônia Legal em uma trajetória de descarbonização, transformando a economia da região para que ela cresça, gere oportunidades, valorize as culturas locais e os ativos ambientais, combatendo a desigualdade e os desmatamentos?
O material tem 246 páginas, e antes de começar a ler fiz o seguinte exercício: com o comando Ctrl + F (Windows), busquei as seguintes palavras: Branding, Marketing e Design. Dentre as três, a única ocorrência foi em Design (no expediente – apresentando qual empresa foi responsável pelo layout e diagramação do material). Aí você pode dizer “ah, Berna! Tás querendo puxar a sardinha para a tua brasa profissional e dizer que, para fomentar as Novas Economias no maior bioma do planeta, é preciso contemplar o que fazes profissionalmente!” Respondo que sim, e explico o porquê (inclusive baseado no próprio material).
A questão central acima exposta tem três pontos que tem tudo a ver com o que Branding, Marketing e Design podem fazer pelas Novas (ou nem sempre novas) Economias da Amazônia: Crescimento, Oportunidades e Valorização. Antes, uma distinção bem clara, entre Branding e Marketing: O Branding é o olhar para dentro – valores, essência, atributos, origem; o Marketing é o olhar para fora – concorrência, mercados, praças, posicionamentos. E o Design (especificamente neste papel) faz a ponte conceitual entre o que é (Branding) e o que deve parecer (Marketing) – agregando elementos visuais, sonoros, olfativos, táteis e/ou gustativos, que estruturam este compromisso entre ser e estar.
Resumindo os três pontos: Crescimento é uma variável que decorre invariavelmente de parâmetros comparativos. Ninguém cresce sem ter um referencial de tamanho e segmentação. Portanto, crescer é uma ação referente ao Marketing e concorrência entre pares. Oportunidades (neste contexto) são possibilidades entre as demandas de mercado e o que tenho para ofertar – que pode ser melhor definido e refinado por processos de Branding. E por fim, não existe Valorização que se encerra em si mesma só com pesquisa e agregação; é necessário engajamento, envolvimento em diferentes níveis e um despertar. E tudo isso só é possível se aliado ao Valor percebido pelo público consumidor – especialmente pelo impacto provocado por (bons) projetos de Design.
Esta é uma avaliação pessoal a partir de meus recursos profissionais acerca do problema proposto no estudo. E analisando a parte 3, que se dispõe a ser um capítulo de soluções – nada disso é citado. Ao longo do estudo são citados pontos análogos ao que digo aqui – como a pesquisa sobre as Dificuldades na consolidação de iniciativas econômicas em territórios indígenas – que cita no tópico “Comercialização” os preços injustos, com desvalorização dos produtos ou repasse desigual por revendedores, carência de espaços para exposição e venda, e falta de material adequado para apresentação e embalagem dos produtos. Tudo isso pode ser resolvido com investimentos de imagem (Branding, Design e Marketing). Se o contexto final do estudo preza pela expansão de mercados, convido primeiramente os autores e interessados a uma expansão de consciência.
Por Berna Magalhães – Fundador e Diretor de Criação e Sentido na Libra