Novas Economias começam pelo valor

Novas Economias começam pelo valor

dez 16, 2023

WRI Brasil, em conjunto com organizações parceiras, lançou em junho deste ano um estudo das Novas Economias da Amazônia. É um material extenso, com bastante informações e dados, e que envolveu 75 pesquisadores de diferentes regiões do país – se predispondo a responder a seguinte questão: Como colocar a Amazônia Legal em uma trajetória de descarbonização, transformando a economia da região para que ela cresça, gere oportunidades, valorize as culturas locais e os ativos ambientais, combatendo a desigualdade e os desmatamentos? 

O material tem 246 páginas, e antes de começar a ler fiz o seguinte exercício: com o comando Ctrl + F (Windows), busquei as seguintes palavras: BrandingMarketing e Design. Dentre as três, a única ocorrência foi em Design (no expediente – apresentando qual empresa foi responsável pelo layout e diagramação do material). Aí você pode dizer “ah, Berna! Tás querendo puxar a sardinha para a tua brasa profissional e dizer que, para fomentar as Novas Economias no maior bioma do planeta, é preciso contemplar o que fazes profissionalmente!” Respondo que sim, e explico o porquê (inclusive baseado no próprio material).

A questão central acima exposta tem três pontos que tem tudo a ver com o que Branding, Marketing e Design podem fazer pelas Novas (ou nem sempre novas) Economias da Amazônia: Crescimento, Oportunidades e Valorização. Antes, uma distinção bem clara, entre Branding e Marketing: O Branding é o olhar para dentro – valores, essência, atributos, origem; o Marketing é o olhar para fora – concorrência, mercados, praças, posicionamentos. E o Design (especificamente neste papel) faz a ponte conceitual entre o que é (Branding) e o que deve parecer (Marketing) – agregando elementos visuais, sonoros, olfativos, táteis e/ou gustativos, que estruturam este compromisso entre ser e estar.

Resumindo os três pontos: Crescimento é uma variável que decorre invariavelmente de parâmetros comparativos. Ninguém cresce sem ter um referencial de tamanho e segmentação. Portanto, crescer é uma ação referente ao Marketing e concorrência entre pares. Oportunidades (neste contexto) são possibilidades entre as demandas de mercado e o que tenho para ofertar – que pode ser melhor definido e refinado por processos de Branding. E por fim, não existe Valorização que se encerra em si mesma só com pesquisa e agregação; é necessário engajamento, envolvimento em diferentes níveis e um despertar. E tudo isso só é possível se aliado ao Valor percebido pelo público consumidor – especialmente pelo impacto provocado por (bons) projetos de Design.

Esta é uma avaliação pessoal a partir de meus recursos profissionais acerca do problema proposto no estudo. E analisando a parte 3, que se dispõe a ser um capítulo de soluções – nada disso é citado. Ao longo do estudo são citados pontos análogos ao que digo aqui – como a pesquisa sobre as Dificuldades na consolidação de iniciativas econômicas em territórios indígenas – que cita no tópico “Comercialização” os preços injustos, com desvalorização dos produtos ou repasse desigual por revendedores, carência de espaços para exposição e venda, e falta de material adequado para apresentação e embalagem dos produtos. Tudo isso pode ser resolvido com investimentos de imagem (Branding, Design e Marketing). Se o contexto final do estudo preza pela expansão de mercados, convido primeiramente os autores e interessados a uma expansão de consciência.

Por Berna Magalhães – Fundador e Diretor de Criação e Sentido na Libra

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